Por decreto de 3 de setembro de 1919, Bertha Lutz foi nomeada secretária do Museu Nacional, tomando posse no dia seguinte. Viajou para os Estados Unidos, por designação do ministro da Agricultura, Indústria e Comércio, em 1922. Retornando desta comissão, serviu no gabinete do mesmo ministro, auxiliando o professor Domingos Sergio de Carvalho. Por ofício de novembro de 1923, o diretor do Museu Nacional autorizou a continuidade da cessão, pelas comprovadas necessidades alegadas pelo citado professor. Finalmente, em maio de 1924 reapresentou-se no Museu, reassumindo seu cargo de origem. Nesse mesmo mês, recebeu a incumbência de participar dos trabalhos da Seção de Botânica. Ficou novamente à disposição do ministro da Agricultura a partir de março de 1925. Naquele período, voltou à América do Norte, onde participou da Segunda Conferência Pan-Americana de Senhoras. Ali, também fez estudos de interesse do Museu Nacional. Retornou ao Museu em junho e reassumiu em novembro de 1926 a função de secretária. Entre fevereiro de 1927 e outubro de 1930, foi assistente da Seção de Botânica do Jardim Botânico. Por apostila de abril de 1931, passou a exercer o cargo de secretária de redação-tradutora. Voltou a viajar em comissão em 1932, a convite da American Association of Museums, apresentando ao regressar um relatório das observações feitas nos museus daquele país. Nesse último ano, também fez parte da Comissão Organizadora do Anteprojeto da Constituição. Por decreto do chefe do Governo Provisório de 22 de novembro de 1933, representou o Brasil como assessora técnica na Sétima Conferência Internacional Americana, ocorrida em Montevidéu.
Por ordem do presidente da República, em 1934, foi mais uma vez a representante nacional, em convenção que a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino promoveu em Salvador. Eleita deputada pelo Distrito Federal, tomou posse em 28 de julho de 1936. Retomou seus encargos no Museu em novembro de 1937, vindo a substituir brevemente o chefe da Seção de Botânica no ano de 1938. Participou, em 1941, de excursão científica aos estados da Bahia e São Paulo, com a finalidade de organizar os catálogos da coleção Adolfo Lutz, então dispersos pelo país. Em 1943, excursionou pelo estado do Rio de Janeiro para observar batráquios e coletar material. No ano seguinte, dirigiu-se a Teresópolis para recolher material herpetológico e fazer observações no parque nacional existente no município. Ainda em 1944, atuou como assistente técnica da delegação brasileira na XXVI Sessão da Conferência Internacional do Trabalho, em Filadélfia (EUA).
Em 1945, voltou a Teresópolis para coletar material embriológico, recebendo em seguida designação para representar o Brasil como delegada na Conferência Internacional das Nações Unidas, em San Francisco da Califórnia. Regressando em outubro desse ano, dedicou-se durante um mês a estudos de herpetologia no interior do estado de Mato Grosso. Fez outra viagem aos Estados Unidos em 1946, a fim de receber prêmio e executar serviços de interesse do Museu Nacional. Novas excursões, em 1947, possibilitaram a coleta de batráquios em Itatiaia, Teresópolis e outras localidades, fluminenses e mineiras. Viajou em 1949 pelos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, realizando observações sobre anuros. Representou o Museu Nacional na Reunião da Sociedade Brasileira de Biologia, de 22 a 26 de agosto de 1949, em Salvador.
Bertha Lutz em sua cerimônia de honra ao mérito
Em 1951 foi autorizada a excursionar por 60 dias em diversas regiões do país coletando material científico. Obteve designação para representar o Brasil na Conferência do Estatuto da Mulher, do Conselho Econômico e Social da ONU, que ocorreu em Genebra, Suíça, de 24 de março a 4 de abril de 1952. Tendo recebido bolsa de estudos do British Museum, permaneceu alguns meses na Europa, voltando às suas atividades no Museu Nacional somente em julho daquele ano. Integrou, com autorização da Presidência da República, a Comissão Interamericana de Mulheres, reunida em Washington entre 5 e 23 de setembro de 1953. No ano seguinte, foi a representante brasileira na X Conferência Interamericana, em Caracas. Por portaria de junho de 1954, recebeu a incumbência de percorrer várias partes do Brasil em 120 dias interpolados, colecionando material científico e fazendo observações biológicas.
Examinou em meados de 1955 as coleções do Instituto Adolpho Lutz, na cidade de São Paulo. No final dessa temporada, e ao longo de 1956, voltou às suas buscas por material ecológico, nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Ainda em 1956, foi enviada a Genebra para representar a Comissão Interamericana de Mulheres na Comissão de Estatutos da Mulher das Nações Unidas. Por designação do diretor do Museu, José Candido de Melo Carvalho, coletou batráquios nas serras da Mantiqueira e do Mar no início de 1957 e, na segunda metade do ano, excursionou por várias partes do Sudeste e do Sul do país. Trabalhava, então, na revisão dos gêneros Eleutherodactylus, Basanitia e afins.
Deu continuidade, em 1958, a seus estudos sobre anfíbios em Minas Gerais, Goiás e na Serra do Mar, tendo realizado excursões em Itatiaia e Teresópolis. Na mesma temporada, prosseguiu nas tarefas de identificação dos anfíbios da coleção do Museu Nacional. Esteve, em junho de 1959, na XIII Assembléia da Comissão Interamericana de Mulheres, em Washington. Dedicou-se, no mesmo ano, à elaboração de uma monografia dos Hilídeos brasileiros, examinando material da coleção Adolpho Lutz e do Departamento de Zoologia do Museu, e apresentou trabalho no Congresso de Herpetologia realizado em San Diego (EUA). Ainda em 1959, e nas duas temporadas seguintes, partiu em novas excursões de estudo dos anfíbios das regiões serranas. Trouxe para o Museu Nacional, em 1960, os anfíbios que estavam sob sua guarda no Instituto Oswaldo Cruz. Deu prosseguimento a seus estudos sobre o gênero Hyla, com a finalidade de preparar a monografia e o Atlas dos Hilídeos brasileiros. Esteve em licença especial em 1961, sem interromper diversas atividades: a monografia sobre anfíbios anuros, o estudo de formas novas deste gênero e a conclusão do plano para a Exposição de Anfíbios do Museu Nacional. Representou o Museu no Conselho Florestal Federal em 1962, ano em que continuou a determinar os espécimes de anuros entrados na Instituição, atuou como expositora na Semana da Conservação da Natureza, apresentou trabalho no II Congresso Latino-Americano de Zoologia (São Paulo) e foi presidente de honra da assembleia da Associação Latino-Americana de Herpetologia. Concluiu, em 1963, seus estudos sobre os Hyla catharinae, descrevendo ainda duas espécies novas em Copeia. Também naquela temporada, fez conferência sobre Distribuição Geográfica dos Animais e Modalidades de Conservação da Natureza, escreveu um capítulo sobre anuros para uma enciclopédia norte-americana de animais venenosos, apresentou uma proposta de criação da cadeira de Conservação da Natureza no Conselho Federal Florestal, efetuou a revisão dos répteis da coleção Adolpho Lutz e atendeu a diversos cientistas que visitaram o Museu Nacional. Entregou, conforme ofício de 11 de março de 1964, relatório de pesquisa subvencionada pelo Conselho de Pesquisas da Universidade do Brasil.
Após indicação unânime da Congregação do Museu Nacional, recebeu, em Assembleia Universitária realizada no dia 16 de junho de 1965, o título de “Professor Emérito”. Requereu ao Instituto de Pesquisas Experimentais Agropecuárias do Norte, segundo ofício de 1º de junho de 1966, exemplares vivos de anuros hilídeos, sobre os quais preparava mais um trabalho.
Fontes: RA 293 D 293, fs. 199 a 201 e 203-204, DA 294, p. 290, 314, 371 e 390, Relatório Anual de 1956, p. 74, Relatório Anual de 1957, p. 68, Relatório Anual de 1958, p. 64, 65 e 67, Relatório Anual de 1959, p. 69 e 70, Relatório Anual de 1960, p. 84 e 85, Relatório Anual de 1961, p. 74, Relatório Anual de 1962, p. 68 e 69, Relatório Anual de 1963, p. 94 e Ofícios nº 290 de 11 de março de 1964, nº 429 de 1º de junho de 1965, nº 487 de 23 de junho de 1965 e nº 295 de 1º de junho de 1966.
REFERÊNCIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO. Museu Nacional. Organizado por Gustavo Alves Cardoso Moreira. LUTZ, Bertha Maria Julia. In: Funcionários do Museu Nacional: índice onomástico. Rio de Janeiro, 2013. (Série Documentos SEMEAR; 1)